:: Biblioteca ::

Pennyweather continuou entretida em seu livro por um bom tempo, não souve quanto. Só soube que, quando estava lá pelas páginas 100 (sim, ela lia rápido), uma garota interrompeu seus pensamentos. Penn levantou seus olhos eletrizantes lentamente, contemplando a garota a sua frente. Seus cabelos castanhos desciam em contorno pelo rosto delicado e em contraste, já que o mesmo era mais claro. Era mais nova que Penn, não parecendo ter mais que seus quinze anos, mas mesmo com toda essa delicadeza no perfil e idade jovem, seus olhos transmitiam um brilho gélido e quase... cruel. Por um momento, Penn sentiu-se presa dentro deles, mas certamente, com seu poder desenvolvido sobre a ilusão ela logo voltou a encará-la do mesmo modo. Não era de deixar levar-se tão fácil, e procurou transmitir esse mesmo brilho no olhar. Penn se mantinha no seu próprio mundo e solitária, mas certamente não gostava de que chegassem assim, de súbito, e começassem a atrapalhá-la. Por algum estranho motivo, Penn sentiu-se desconfortável em relação a garota a sua frente. Parecia... não digna de confiança. Certas vezes, Penn podia conhecer um pouco das pessoas não apenas tocando-a, mas sim pela aura que ela transmitia. E da garota não era das melhores.
- Je vois que tu parle français. - Suspirou ela, sem muita vontade de realmente conversar com a garota. - Une langue intéressante, à mon avis, n'est-ce pas? - Pennyweather havia aprendido cerca de 10 línguas diferentes, enquanto ainda tinha seus pais. Sabia o básico de algumas, mas frânces era uma de suas preferidas. - Aber glaube nicht, dass du wissen musst. - Finalizou ela, dessa vez em alemão, trazendo um sorriso irônico. - Parece que você se gaba de conhecer os poderes dos outros... Isso pode ser uma vantagem. - Ela disse, fechando o livro e levantando-se para visualizar melhor a garota a sua frente. - Ou não. Mas diga-me, porque motivo eu deveria confiar em você, me abrir a tudo que sei dessa escola? Porque todos nós sabemos que por aqui não é tão simples assim, que as coisas acontecem. - Proferiu ela para finalizar, olhando a garota fixamente com seus olhos azuis eletrizantes.
A pupila de Pennyweather aumentou; era essa sua maneira de causar uma ilusão em alguém. Mas não faria tão fortemente assim. Agora, ela apenas fez uma ilusão na garota para que ela sentisse um pouco desconforto em relação a Pennyweather, mas também para que a mesma se abrisse. Por fim, Pennyweather soprou de leve a franja, caída de leve em sua testa, e estendeu a mão para cumprimentar a garota.
- Pennyweather. - Apresentou-se ela, ansiosa para que a mão da garota encontrasse a sua.

***

Penn sentiu-se movendo para dentro a mente da garota assim que sua pele tocou a dela. Ela deu um sorriso de canto, e estranhou que estivesse gostando de conhecer as memórias de alguém. Porque, pela primeira vez, ela queria isso. Não fora um acidente não outra coisa, algo inevitável, forçado. Era quase como um prazer ali.

As lembranças jorraram na mente de Pennyweather. Primeiro, um bebê nascendo na Bélgica. Ela pode reconhecer o país por um mapa pendurado no quarto aonde ela estava. Então um flash, outa lembrança. Na verdade, parecia mais algo antes de ela nascer. Alguém com as mesmas características físcias, só que... mais velha. Claro, sua mãe. Havia alguns cartazes de Procurado, como rosto dela. No mesmo momento, ela soube que estava vendo um dos maiores Assassinos da história. Já ouvira falar deles

Então, mais um flash, e ela viu a garota bebê, e seus pais mortos. Não soube por quê, como, aonde, nem nada específico. Pareceu então que a morte deles era um mistério. Outro flash, e viu a garota morando com o tio. Com apenas 12 anos, ele morrera, e então, ela jurou lealdade para os Assassinos, em outro flash. Tudo acontecia tão rápido que ela quase não conseguiu compreender.

Por fim, os últimos flashes foram os mais rápidos: vagas lembranças de ela matando diversas pessoas, seja com seus poderes ou sem. Ela parecia sempre carregar uma adaga consigo, por precação. Não durou mais as lembranças. No próximo segundo, a visão de Penn desfocava-se e ela se via de volta a realidade. Mas agora, ela compreendia quem estava na sua frente. Uma Assassina.


Penn arqueou as sobrancelhas para a garota, olhando-a com os olhos fixos. Primeiro, pela surpresa das descobertas, segundo... porque motivo ela não tivera alguma visão da garota? Era esse pelo que mais esperava; poder torturá-la com visões de seu futuro; mas não viera absolutamente nada. Entretanto, ela não deixou seu ego ferido. Sabia como falar e expressar suas ideias.

- Nous allons voir, petite fille. - Respondeu ela, irônica. - J'ai déjà une idée sur vous, et je suis sûr qu'elle va rester. Mais souvenez-vous simplement: - Ela chegou mais perto, para cochichar. - Je suis à un avantage ici.

E com uma última olhada, mais significativa, ela saiu dali.

Penn parou ao ouvir a voz de Ann atrás dela. Pelo visto, ela ainda queria alguma resposta. Penn respirou fundo, murmurando baixinho um ótimo, e se virou, encarando a garota.
- Que tal você mesma descobrir? - Falou ela, mesmo em português, porque estava um tanto impaciente para sair dali. Tinha certas coisas a fazer. E com uma arqueada na sobrancelha irônica, ela virou as costas e finalmente saiu.

James entrou na biblioteca, e deu de cara com Kathe, observando as manchas roxas. Ele deu um sorriso aparentemente simpático e, sentindo ciúmes internamente, disse:
- Exibindo as pernas? Conseguiu na cama de quem?

Ainda sorrindo, ele disse:
- Você é realmente uma grande puta... Bem, também não dormi sozinho. Sua colega de quarto - Parei um instante, me aproximando dela, colocando a mão na coxa dela - É muito boa de cama.

Colocou uma das mãos no braço dela e apertou, assim como apertou as manchas roxas em sua coxa.

Dentro de alguns instantes, eles estavam se pegando no chão da biblioteca.

– Vamos pro seu quarto agora, ou para os fundos da biblioteca? – ela disse puxando a camisa de James.

James se afastou dela bruscamente, dizendo:
- Nunca mais encoste em mim. - E saiu dali a passos largos, o rosto cheio de ódio.

Kathe arrumou suas roupas, esfregou o roxo em sua perna e ele desapareceu
– Tão fácil assim de pegar ele. – ela mordeu o lábio inferior. – Da próxima vez eu coloco no pescoço e um perto dos seios vou deixar James louco. – ela riu e saiu de lá.