:: Sala Secreta ::

Leech caminhava tranquilamente pelos corredores vazios, com os olhos azuis percorrendo todo corredor ‒ não o corredor aonde se localizava os quartos dos alunos ‒ macabro, com retratos de seu antepassados, estralando constantemente os dedos pálidos e finos. O silêncio no local era tão absurdo, que podia-se ouvir a respiração pesada e o som dos passos do diretor, que logo parou ao lado de um grande retrato que vinha do chão até o teto. Direcionou o corpo para o lado ‒ ficando de frente ao grande e medonho retrato ‒, esticando a mão esquerda tocando bem na testa do homem que se encontrava na pintura, em seguida, fazendo o retrato se revelar uma passagem secreta. Um sorriso ‒ que pode ser interpretado de várias formas; terrível, sádico, malicioso, maníaco e etc etc ‒ abriu sobre seus lábios, então deu alguns passos para frente, passando por algo que lembrava um túnel. No fim dele, havia uma porta branca, a porta que levaria para a Sala Secreta. Quando girou a maçaneta dourada, uma luz branca penetrou sobre seus olhos, o que fez piscar três vezes pela perturbação que a luz lhe causava, ‒ era tão acostumado com a escuridão que a luz o prejudicava ‒, em seguida, voltou o sorriso em seu rosto. Lá estava quem ele esperava, que o olhava curiosa, então ele deu mais alguns passos indo para a outra cadeira.
‒ Senhorita Lyons. ‒ disse ele, com sua voz encantadora e ao mesmo tempo, suave. ‒ Que bom finalmente conhecer uma das melhores espiãs que temos. Um trabalho um tanto perigoso, não?
Ele abriu um sorriso ‒ encantador ‒ mas a garota continuava com sua expressão séria, não gostando nem um pouco de sua companhia, mas nada disso abalava o homem.

Megan Lyons, never trust her.

Retirei a venda sobre meus olhos com veemência, em seguida, olhando para todos os cantos da sala. Sim, eu sabia aonde estava. Era alguma parte do Colégio Voras, aonde teria minha nova missão, e o diretor iria vir aqui me dar a instruções. Diretor do colégio... Chefe dos homens de preto. Dei de ombros. Então, observo a porta se abrindo logo atrás de mim, viro rapidamente a cabeça para ver e lá estava o diretor. Mais conhecido como Sr. Leech. Os que todos temem. Mas, conhecendo assim pessoalmente não tive medo nem nada como a maioria diz, apesar de sua aparência ser bonita, sua pele é tão pálida, seus olhos extremamente azuis e sua cara de maníaco que me dão arrepios. O que me faz detestar ainda mais ele.
- Estou acostumada com o perigo. - comentei, um pouco sarcástica. - E ser uma espiã não é algo que me agrade muito hoje em dia.
Parei de falar, pousando os braços sobre a mesa, olhando para a sala novamente. Mas dessa vez, captando mais detalhes.
- Matar pessoas "iguais a mim" não acho que isso seja... - soltei um suspiro. - certo.

Ele soltou uma gargalhada ‒ encantadora, nada exagerado, o que era realmente raro na maioria das pessoas ‒ com seu último comentário. Arqueou uma de suas sobrancelhas, jogando o corpo para trás, encostando na parte de trás da cadeira, girando-a um pouco e brevemente olhando bem nos olhos da garota que também o encarava.
‒ Ninguém é igual a ninguém, Lyons. ‒ disse sentando na cadeira de um modo um pouco relaxado, com os dedos entrelaçados. ‒ Eles sim são uma aberração, não você. Não nós!
O diretor parou de falar, pensativo ao ponto de absorver suas palavras verificando-as se estavam corretas para a garota, porque aliás, não poderia dizer completamente sobre o que pensava. Se não, a mataria, coisa que poderia acontecer brevemente ou não. Tudo depende dela, ou, do humor dele.
‒ Precisamos deles mortos. ‒ começou ele, agora com uma cara um tanto triste e soltando um breve suspiro, tentando convencer a garota. ‒ Eles são um risco tanto para nós, tanto para os... Humanos. Pois realmente, não somos humanos. Essa raça é, verdadeiramente, uma aberração. Um mal da humanidade! ‒ proferiu ele, por fim, dando para se sentir a raiva que ele tinha com os "humanos".

Megan Lyons, never trust her.

Ouvi tudo o que ele dizia atentamente, franzindo a testa quando ele terminou tudo. Depois de tudo o que ele falou, cheguei à uma conclusão... Eu ainda odeio ele. Eu odeio o que ele (ou será que eu deveria dizer eu?!) faz com essas pessoas, e eu, uma burra, aceitei a tudo isso.... Eu odeio, odeio, odeio ele. Abri um sorriso sarcástico, extremamente forçado.
- Se precisamos deles mortos para proteger nós mesmos e os humanos... Porque protegeremos aqueles que odiamos e que verdadeiramente nós fazem algum mal? - disse fingindo-me confusa. Ele pareceu levemente surpreso com minha pergunta. - Meio contraditório.
Arqueei as sobrancelhas.

Leech arqueou levemente as sobrancelhas surpreso, mas logo depois retomou a pose, dando um sorriso. Deu de ombros.
‒ Não queremos causar uma guerra. Não queremos que eles ‒ aqueles que matamos ‒ causem uma guerra, por isso, exterminamos eles. ‒ dizia ele, com a maior tranquilidade. ‒ Quer creia ou não, esta é a verdade.
Finalizou ele, com sua tranquilidade, esperando que esse assunto não vá em diante, então continuou:
‒ Mas não estamos aqui para discutir sobre isto. E sim sobre sua missão aqui.

Megan Lyons, never trust her.

Não acreditava em nenhuma palavra em que ele dizia. Eu queria rebater, mas não, melhor não, e ele estava certo no ponto que "não foi isso que viemos discutir aqui" e sim, minha missão como espiã. Que eu sinceramente, detesto ser isso, mas jurei pelo meu próprio sangue e terei que cumprir. Se não cumprisse, o resultado seria meu enterro, meu velório, minha morte, minha ida pra outro mundo... Enfim.
- Ok. - disse soltando um suspiro. - Continue.

O diretor deu de ombros. Então começou:
‒ Seu serviço será o mesmo que os outros praticamente, ‒ ele apoiou sobre a mesa, arrastando a cadeira mais perto, agora falando um pouco mais baixo, como se alguém ouvisse o que ele diria. Fixou os olhos na jovem espiã. ‒ apenas por um detalhe, que você irá fazer. Irá se misturar com os outros, como fazia nos outros colégios, fazer o máximo de amigos possível. E então, descobrir se eles estão com algum plano contra nós. Se querem fugir do colégio, fazer uma rebelião ou algo do tipo.
Parou de falar um pouco e finalizou:
‒ Uma missão bem mais fácil que as outras que você teve. Sem mortes, é apenas espionar, não ser uma assassina, como você verdadeiramente sempre foi. ‒ a garota arregalou levemente os olhos, parecendo perturbada com o que ele disse, mas não abriu a boca. ‒ A conversa acabou. E não ouse falar do que houve aqui para alguém! Apenas... Cumpra sua missão, senhorita Lyons.
Então com apenas um gesto de mão, algum poder sonífero saiu de sua mão na qual mexeu, indo diretamente em Megan, o que fez suas pálpebras ficarem cada vez mais pesadas, até cair do sono. Ele sorriu satisfeito.