:: Quadra ::

Fui desviando para qualquer lugar que encontrava, bem longe dos dois. Respirei fundo, olhando os corredores e locais pelo qual passava. Nada tão interessante como eu achara antes, ao sair do quarto. Estava mais atenta a aproximação de alguém; tanto indesejável como desejável, neste último caso, um adulto que pudesse me explicar como meus pais me colocaram aqui se eles estão mortos. Enquanto pensava nesses assuntos, me vi adentrando uma quadra de esportes. Estava tudo silencioso e calmo naquela noite; havendo apenas uma garota no lugar. Tentei dar a meia volta e passar despercebida, mas ela me viu.
- Olá. - Me falei virando novamente.
Eu poderia causar alguma ilusão, qualquer coisa para sair rapidamente dali, mas meu corpo se manteve ereto e firme. Como se quisesse que eu conhecesse a garota a minha frente.

Antes que pudesse responder a primeira garota, Samantha, outra apareceu. Esta detinha um ar mais rebelde, pelo que podia ver, mas simplesmente não se importou. Na verdade, ela não se importava com as duas. Isso poderia ser um pouco mal de sua parte, mas ela queria logo sair dali e entender o que estava acontecendo.
- Pennyweather. - Respondeu, mais uma vez, sem falar seu sobrenome.
Já ia dar a meia-volta inventando qualquer desculpa quando a garota Charlotte trouxe à tona um assunto que realmente importava naquele momento. Parou seu movimento, soltando seu ar lentamente.
- Sim. Não sei que merda está acontecendo. - Murmurou por fim, olhando-as novamente com seus olhos claros quase-cinza, rodeados por uma sombra e lápis de olho escuro.
Notou, ao colocar as mãos no bolso, que sua arma não estava mais presente. Soltou um resmungo baixo, xingando a vida e tudo mais que viesse junto.

Ficou pensando no que Samantha a dissera. Sim, estavam todas naquela situação. Havia algo completamente estranho ali; Penn apenas balançou a cabeça negativamente como se avaliasse a situação. Foi quando um garoto chegou. Peter, era o nome, pelo que apresentava. Os olhos eram claros e o perfil como todo era certamente bonito, muito mais do que o garoto que encontrara no corredor.
- Sou Pennweather. - Disse mais uma vez; já era a terceira vez em alguns minutos. Aquilo estava se tornando irritante.- Não é um má momento, até por que estamos uma conversa que com certeza deve haver com você. - Ela terminou, mesmo que ele não houvesse falado algo, a garota podia captar o sinal de compreensão vindo dele.
Foi ouvindo o que Charlott falava. A garota falava de um modo muito rápido e, sobretudo, irritante, mas Penn tentou não se incomodar, pelo menos, por fora. Até que, não soube da onde veio sua raiva. Talvez de ter acordado ali; talvez de lhe roubarem a arma; talvez por toda a confusão que se encontrava; talvez por tudo que havia acontecido; ou até pela garota tagarela. Mas soltou aquilo tudo muito rápido.
- Olha, eu não estou afim de andar com ninguém, me desculpe. E sinceramente, eu sei que cada um pode se virar aqui, afinal, é apenas um colégio. Talvez, estranho, mas apenas isso. Não deve haver mais nada do que isso. - Balbuciou ela, quase revirando os olhos. - Sério, o que poderia haver, hã? - Perguntou.
Em parte ela discordava totalmente com o que dizia, outra, ainda se mantinha cautelosa. Mas, por cima de tudo, fazia aquilo para não ter que desenvolver nada. Não queria se apegar, ter de passar por tudo aquilo de novo. Mas hoje, a merda do destino, macumba, vodu, qualquer coisa que queiram pensar, teve que se intrometer. Penn, que sempre escondera seu lado um pouco desengonçado, teve de pisar em falso justo naquele momento. E ainda, quase pisar em um rato maldito. Ao tentar desviá-lo, acabou por tropeçar e cair na garota a sua frente.
Samantha Brokenwood.
Sentiu sua mão roçar na dela; tudo muito rápido.
Primeiro, uma série de imagens apareceu em sua cabeça. Uma cidade, que ela logo reconheceu como New Jersey. Um bebê nascendo, sua mãe, morrendo logo depois. A criança crescia, triste, além de tudo, seu pai não lhe dava a atenção necessária. Mas pelo menos ela possuía pai, pensou Penn, no meio de todas as imagens. Logo depois disso, viu a garota sonhando, um pouco mais velha. E... ela possuía visões? O pai de Samantha aparecia morrendo nelas. E por fim, ele morria de verdade, assim como ela vira. Se arrependeu pelo que havia pensado. A garota tinha tantos problemas quanto Samantha. Havia um namorado, pelo que parecia. Ela parecia amá-lo bastante, mas o garoto descobria sobre o dom sobre raios de Samantha e a abandonava...
Como todas as imagens do passado, não entrou em tantos detalhes. Penn só ficava sabendo dos fatos mais marcantes da vida da pessoa. A parte pior via a seguir. As visões.
Estava agora nos olhos de Samantha. Viu o colégio aonde estava. Sim, ela conseguia reconhecer aqueles corredores, o tapete vermelho... Ela estava amarrada, cheia de machucados. Alguém a carregava, alguém que não conseguia reconhecer. Esta tampou os olhos de Samantha fortemente, como se não quisesse que a mesma soubesse o caminho para aonde a levava. Um flash; Samantha estava em uma outra sala, repleta de armas. Penn sentia o medo tomar conta de cada veia, tanto dela como Samantha. Na realidade, as duas, no momento, eram uma coisa só. Viu alguns rostos embaçados, nada que pudesse reconhecer. Por fim, foi deitada sendo presa. Ela sentiu uma dor angustiante, que a fez gritar. Não houve mais nada.
Com uma respiração ofegante, ela voltou a realidade. Os três presentes ali provavelmente tinham a visto tremer um pouco, e provavelmente, ter gritado na hora em que sentira a dor de Samantha. Penn nunca soube realmente como era para os telespectadores. Tonta, ainda não havia saído de cima da garota. Buscou-se levantar, mas ao mesmo tempo não conseguiu apoio; suas pernas pareciam açúcar. Caiu, pedindo a qualquer um que não a fizesse ir de cara no chão. Precisava organizar seus pensamentos. Samantha possuía poderes como ela. Visões e dons sobre os raios. E, segundo sua visão, ela morreria. Naquele colégio.

Demorou um pouco para a tontura passar e Pennyweather conseguir recobrar o equilíbrio do corpo. Agradeceu mentalmente e, um pouco depois, abertamente Samantha por tê-la segurado e apoiado por um tempo.
- Estou bem. Obrigada. - Falou rapidamente para todos presentes, para que não perdessem o desenvolvimento das ideias que expunham.
Ela ouvia o que Peter falava, mas ao mesmo tempo, pensava sobre a visão que tivera. Aquele corredor era incrivelmente familiar; ela havia quase que decorado sua decoração e o imenso tapete vermelho. Mas perdera o controle da visão; não soubera para onde havia sido levada. Poderiam ter saído dali ou não. Poderia ter se passado dias, meses até. Ela não sabia, a maior parte das visões eram confusas. Só sabia que havia previsto a morte da garota.
Então realmente começou a prestar atenção no que o garoto dizia, sobre a escola e poderes. Eles tinham as habilidades - ou como Penn as chamava, aquela maldição. Isso explicava a garota tendo visões nas lembranças que Penn vira. Pelo que Peter dizia, o lugar que estavam era realmente um inferno.
- Mas que porra de lugar é esse? - Murmurou sozinha e inaudível.
Então poderia ter sido aquele homem que surgira naquela noite; o homem que a levara para cá? Não, ela sabia que o conhecia de algum outro lugar e... naquela noite ela dormira e acordara no seu quarto. Fora apenas na noite seguinte que acordou no colégio. Que estranho.
- Bem, eu também ajudarei. - Completou por fim, descruzando os braços, os quais haviam permanecidos dessa maneira enquanto ouvia o que o garoto tinha a dizer. - E - Lembro de acrescentar. - Se todos aqui possuem poderes, acho que devo contar. - Proferiu, e então se virou para Samantha. - Principalmente para você.
Respirou fundo, olhando-a e decidindo como contaria. Não seria fácil, de uma maneira ou outra. Sendo rápida e prática, ou demorada e um tanto confortante, a garota acabaria por saber.
- Bem. Essas minhas habilidades são saber do passado da pessoa e der uma visão sobre o futuro dela com apenas um toque. Por isso que evito contatos. - Suspriou ela. - Mas, agora, eu tive uma visão sobre você, Samantha. Sua morte. E, infelizmente, você não estava muito mais velha do que agora. Na verdade, quando passou por um espelho, pude te ver quase idêntica a agora. Sinto muito. - Murmurou por fim, olhando com pena da garota. Deixou que ela assimilasse primeiro o básico, para depois contar - se ela quisesse - os detalhes.
Não contou sobre suas ilusões. Não era necessário.

Olhou para Samantha, suspirando. Nunca sentira tanta pena ao olhar para ela. Penn nunca tivera visões dela mesmo e agradecia por isso. Ela sabia que teria se, na visão de outra pessoa, ela aparecesse. Mas até agora, isso nunca acontecera.
- Bem, dará tudo certo. - Murmurou ela, procurando transferir um sorriso amigável. - Por mim você também não morrerá, pode ter certeza.
Prestou a atenção nos poderes delas. É, tudo mundo passava pelo mesmo problema que ela. Eram aberrações, mas... e daí? Penn foi atingida por uma onde de otimismo, do nada. Estranho.
- Eu também tenho ilusões. - Proferiu ela. Já que se uniriam, era bom contar. - Posso fazer em mim mesma, nos outros ou no espaço ao meu redor. - Finalizou.

As queimaduras feitas por Peter já não estavam assim tão a mostra, ela andava com cabeça para baixo tentando desviar os olhos do sol, continuou a andar até que achou um pequeno espaço onde tinha sombra e foi ali que ela se sentou e ficou.

Mesmo com o sol em sua cara a garota pode ver James sentado na entreda, então ela se levantou e foi até ele, colocou suas mão so ombro do garoto.
- Ei o que foi?

Olhei para trás e vi Kathe. No momento, eu não queria falar com ela.
- Nada. - Murmurei.

- Ei James eu não nasci ontem, o que aconteceu? - a garota passou a olhar os olhos de James. - Mas se você não quizer minha ajuda tudo bem continua assim.